quarta-feira, 25 de abril de 2007

Escrever

Escrever é sempre um problema. Com prazo é problema, por causa da pressão. Sem prazo é problema porque nunca se começa.

Antes da faculdade não era assim, era um exercício de escrever o que desse vontade, na hora exata da vontade (não havia muitos compromissos na época...), sem qualquer tipo de cobrança de qualidade e/ou originalidade – ninguém lia, mesmo! Era o que era e saía da telha para o papel quase que automaticamente. Cadernos e mais cadernos cheios de pensamentos, frases, desenhos, rabiscos desconjuntados e projetos de poemas, que foram se perdendo nas mudanças, no tempo. Outros foram rasgados por motivos diversos.

Durante os quatro anos de faculdade, as redações, artigos, comentários, ensaios, resenhas, resumos e recortes eram tantos que não havia tempo praquela escrita descompromissada. E ela ficou assim meio adormecida, atrofiada. A idéia do blog veio justamente pra tentar chacoalhar essa vontade, que, junto com a prática, também ficou adormecida. É tanta obrigação e burocracia que as idéias mais espontâneas acabam ficando para trás na sua espontaneidade. Juntar mais quatro amigos tão importantes e competentes é também um estímulo para começar.

Resisti durante muito tempo ao blog (e também ao Orkut, ao MSN... - coisas de velha rabugenta) por não ter controle de quem lerá isso tudo. Por ter a certeza de que cada texto escrito mostra um pouco quem eu sou para os desconhecidos, meio como ser observada através da fresta da janela. Só por essa última frase vocês já perceberam que sou um pouquinho paranóica, não é? Mas, what the hell, quatro amigos, estamos esperando o que para começar?

4 comentários:

Thiago Crespo disse...

Isso aê, Bartinha!
O texto por si só já é o nosso porquê de estar aqui.

Curioso ainda que, durante o trecho em que você fala dos textos perdidos por aí, pelo tempo, não pude deixar de reviver todos os meus que ficaram num ou dois parágrafos. Textos bons são aqueles que nos causam sensações. Bom começo, este nosso! Valeu.

Não estamos esperando mais nada. É agora.

Thiago Crespo disse...

Ah! Se a paranóia insistir e você, porventura, sentir medo de estar sendo olhada pela fresta da janela, pense nas suas vizinhas.

E não faça como elas.

André Piunti disse...

Se eu vejo um papel qualquer no chão
Tremo, corro e apanho pra esconder
Medo de ter sido
Uma anotação que eu fiz
Que não se possa ler (pan pan)
Eu gosto de escrever

PARANÓIAAA!!!

faBRicio disse...

As idéias espontâneas vão ficando para a nuca. Isso mesmo: elas vão indo parar na nuca! Vários carimbos na testa: tarefa! Tarefa! Resenha! Ensaio! Ensaio! Regra, ordem, norma, padrão.
As minhas já estão descendo, pescoço abaixo. As minhas o quê? As idéias. A gente não ganha falta de tempo, a gente perde excesso de tudo. E, não, mesmo assim não cabe: quanto mais menos a gente vira, menos vai precisando.
Atrofia. As minhas já estavam descendo pro intestino. As idéias. Sabe-se lá onde vão parar!
Vocês que acharam onde as suas acabaram, parabéns! Paranóia: um belo excesso a ser retomado.